Resenha: Jane Eyre - Charlotte Brontë

Título do livro: Jane Eyre

Autor(a): Charlotte Brontë 

Número de páginas: 630

Está disponível no Kindle Unlimited? Sim!

Sinopse: Primeiro romance de Charlotte Brontë, uma das irmãs que compõem a famosa família literária inglesa, Jane Eyre conta a história de uma jovem em busca de uma vida mais significativa na sociedade inglesa do século XIX.

 

Por meio da abordagem de temas como a subordinação da mulher, relações familiares abusivas que geram traumas futuros e o crescimento moral e espiritual da personagem principal, Jane Eyre foi publicado originalmente em 1847, mas se mostra ainda muito atual.

Jane, órfã de pai e mãe, vive com parentes que a desprezam, sendo tratada por sua tia de modo muito diferente do tratamento recebido pelos primos, cruéis e fúteis. Já com 10 anos de idade, Jane é enviada para a instituição de caridade Lowood, uma escola com métodos rígidos de ensino. Apesar das inúmeras privações que enfrenta na escola, a menina leva uma vida quase feliz e se torna forte e independente, passando a lecionar na entidade que a formou. Aos 18 anos, decide partir, e consegue um trabalho como preceptora da jovem Adèle, pupila do irônico e arrogante Edward Rochester. A partir deste momento, a vida de Jane toma um rumo diferente e inesperado, que envolve mistério, novas amizades, diferentes sensações e até mesmo uma história de amor.

Jane Eyre é considerado um romance de formação, no qual se narra o desenvolvimento físico, moral, psicológico, estético, espiritual e social da personagem principal, desde sua infância até a maturidade. Charlotte Brontë representou, por meio da protagonista, a ideia de emancipação feminina, isto é, de que as mulheres não tinham a obrigação de se casar para ter uma vida; que poderiam trabalhar e se sustentar de maneira independente. Ao longo do romance, são tecidas diversas críticas à condição de inferioridade atribuída às mulheres naquela época. A autora é, por isso, considerada transgressora das regras vigentes em sua sociedade, vista hoje como uma mulher à frente de seu tempo.

Jane Eyre narra, além de uma comovente história de amor, a saga de uma jovem em busca de uma vida mais significativa do que a sociedade inglesa do século XIX tradicionalmente permitia às mulheres.



Resenha: Jane Eyre é um romance escrito no século XIX, que vai contar a história de Jane (nossa protagonista e responsável por nomear a obra): uma menina órfã que não sabe o que é ser amada.



 Ainda recém nascida, perdeu ambos os pais e passou a morar sob os cuidados de sua tia Sra. Reed, que sempre nutriu grande antipatia pela garota. Com a morte de seu único parente conhecido, o tio e marido da mulher, a convivência entre esta última e seus filhos, primos de Jane, passou a ser insuportável.



 Dona de uma personalidade forte e uma língua ferina, não demorou muito para que Jane fosse mandada a um colégio interno bem longe do que deveria ser seu lar, a mando da Sra. Reed.



"Por que eu estava sempre sofrendo, sempre apanhando, sempre sendo acusada e eternamente condenada? Por que será que eu não conseguia agradar nunca?"


 Já em Lowood, Jane constrói laços de amizade e aprende a chamar aquele ambiente inóspito de casa. Após longos 8 anos na instituição, finalmente se sente pronta para mudar de ares e arruma um emprego como preceptora em Thornfield Hall. Sua principal tarefa seria orientar uma garotinha de 8 anos e ensinar-lhe matérias básicas.



 Mas ao chegar na mansão, Jane começa a estranhar o comportamento inquieto de seu patrão Sr. Rochester, e os estranhos eventos que assombram o local no período da noite.



 Em meio a tudo isso, um sentimento de afeto entre patrão e empregada começa a florescer. Mas esse amor terá que enfrentar alguns obstáculos para permanecer...



"Para dizer a verdade, não tinha a menor vontade de me ver em meio às pessoas, porque em meio às pessoas eu raramente era notada."


 A edição escolhida por mim, inicia com um Prefácio sobre a vida e obras de Charlotte Brontë , e uma observação feita pelo autor me chamou a atenção: "Ler um livro escrito no século XIX é uma experiência parecida com viver - começa devagar". E isso resume bem toda a experiência que tive com essa leitura.


 Vamos acompanhando a vida de Jane desde sua infância até o início da vida adulta. A autora não demonstra qualquer pressa em desenrolar os acontecimentos, e isso me fez imergir completamente na narrativa. O livro é longo, são mais de 600 páginas, mas em nenhum momento eu senti que a autora estivesse enrolando ou apenas preenchendo espaços em branco. Tudo que acontece é importante e tem um sentido.



"É uma sensação muito estranha, para uma jovem inexperiente como eu, sentir-se sozinha no mundo, sem qualquer conexão, em dúvida sobre se o porto buscado poderá ser alcançado e sem ter como voltar ao ponto de partida (...)".


 Narrado em 1ª pessoa, o livro é a frente do seu tempo ao quebrar a quarta parede e conversar diretamente com o leitor. Muito mais do que um romance, pra mim Jane Eyre foi uma história sobre perdão, esperança e recomeços. Uma garota que nunca se sentiu amada ou valorizada, conseguiu recomeçar com todas as limitações que uma mulher possuía no período e foi capaz de dar aos outros aquilo que nunca teve: amor. 


 Já é de conhecimento geral que Charlotte Brontë era cristã, e podemos ver muitos dos princípios relacionados à fé em sua obra. Mas isso também não impediu que ela tecesse críticas importantes sobre os falsos moralistas, que muitas vezes cometem atrocidades e se consideram pessoas de bem por irem à igreja ou saberem alguns versículos de cor. Isso fica bem implícito na construção da personalidade da Sra. Reed e do diretor de Lowood, Sr. Brocklehurst.



"Espera-se das mulheres que sejam calmas. Mas ela são como os homens. Precisam exercitar suas faculdades, necessitam de um campo para expandir seus esforços, assim como seus irmãos. Sofrem com as rígidas restrições, a estagnação absoluto, tanto quanto os homens sofreriam."

 O pano de fundo de toda a história é a Inglaterra Rural do século XIX, e a autora inseriu alguns elementos da literatura gótica. Temos mistério, suspense e até alguns "fantasmas" aqui! Sem falar num plot twist incrível que eu não esperava!! Importante ressaltar que, muito do que a autora escreveu foi baseado em sua própria vida, trazendo também esse aspecto autobiográfico que torna tudo ainda mais verossímil com a realidade. 


 Não posso dizer que o romance entre Jane o Sr. Rochester me convenceu. Existem algumas problemáticas nessa relação, mas como o livro foi escrito há mais de 200 anos atrás, não posso compará-lo com os princípios que temos hoje. Ressaltando que, a liberdade alcançada por Jane e todo o seu desenvolvimento foram os elementos mais importantes da narrativa, e o romance inserido, pelo menos para mim, foi algo secundário. 



"(...) Sinto como se houvesse um elo inextricável entre nós, uma estranha corda, presa sob as costelas do lado esquerdo do meu peito, ligada a outra corda semelhante no mesmo ponto do seu corpinho (...)".

 Em resumo, Jane Eyre é uma verdadeira obra-prima e todos os comentários feitos a seu respeito são poucos considerando a magnitude da narrativa. Eu sofri, ri e chorei junto com a Jane. Eu me coloquei em seu lugar e percebi o quanto nós mulheres ainda temos que lutar para ter nosso espaço no mundo. Jane me ensinou e me ajudou a crescer. E se ela foi uma boa companhia para mim, tenho certeza de que vai ser para você também.



"(...) Sabemos que Deus está em toda parte. Mas sem dúvida sentimos Sua presença com mais nitidez quando a grandeza de Sua obra está à nossa volta. E era no céu limpo, onde Seus mundos rolam em silêncio, que eu lia com clareza Sua infinitude, onipotência e onipresença."



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1 Comentários

  1. Decerto um romance encantador. Tudo o que fala de amor é deslumbrante. Gostei muito do seu blogue. Fiquei fâ seguidora
    *
    Boa tarde - Feliz sexta feira.

    ilusões e poesia intima
    */*

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