Resenha: Os Distorcidos - Scott Cawthon e Kira Breed-Wrisley

Título do livro: Os Distorcidos:

Autor(a): Scott Cawthon e Kira Breed-Wrisley

Editora: Intríseca

Número de páginas: 285

Sinopse: O jogo sucesso que resgata em livro o melhor das clássicas histórias de terror Five Nights at Freddy’s é uma das maiores séries de jogos de terror de todos os tempos. Com cinco jogos e milhões de cópias vendidas, conquistou fãs no mundo todo por trazer à tona os medos mais obscuros que só brinquedos sinistros são capazes de provocar. Um universo agora expandido para uma série de livros coescritos pelo próprio criador dos jogos, Scott Cawthon. No primeiro volume, Olhos prateados , Charlie e seus amigos desvendam misteriosos assassinatos que aconteceram na Pizzaria Freddy Fazbear’s, um lugar tomado por perigosos animatrônicos. Agora, em Os distorcidos , um ano se passou e Charlie continua assombrada por pesadelos. Para piorar, uma nova onda de assassinatos começa a acontecer e ela se pergunta: mas se todo o terror foi destruído junto com o que sobrou da pizzaria, o que estaria por trás dessas mortes?

Resenha: Em Os Distorcidos, o leitor é transportado mais uma vez para o universo mortal e caótico do primeiro livro Olhos Prateados. (Leia a resenha dele aqui, para evitar spoilers). Nesse volume, acompanhamos o narrador observador de Charlie, que dessa vez está a meia hora de distância do local do crime.

 Após os acontecimentos traumáticos do ano anterior, a garota resolve sair de Hurricane e se muda para St. George, uma cidadezinha universitária onde passa a dividir o alojamento com sua amiga Jessica.

"Charlie piscou à luz do sol. Flashes do que acontecera no ano anterior na Freddy's bombardeavam; fragmentos de memória puxando suas roupas como dedos frios de ferro."

 Seguindo os passos do pai, ela começa a estudar robótica avançada, e logo seu espaço no pequeno quarto está cercado por olhos, partes de corpos, e outras peças estranhas de animais metálicos como os que seu pai costumava construir.

 Na medida do possível, tudo corria bem durante o semestre até que o detetive Clay Burke de Hurricane bate em sua porta. Um corpo foi encontrado nos limites da cidade e possuí as mesmas escoriações características dos assassinatos ocorridos pouco mais de um ano atrás. E ele precisava de Charlie para confirmar suas suspeitas.

"Era um homem estirado de costas numa posição horrenda, os membros contorcidos num ângulo impossível. Naquela luz ofuscante, a cena parecia montada, o homem poderia ser um enorme boneco. O corpo inteiro estava coberto de sangue. As roupas, rasgadas, praticamente esfarrapadas, e, pelos buracos, Charlie achou ter visto pele dilacerada, ossos e outras coisas que não conseguiu identificar."

 Não restava dúvidas de que ele havia sido morto por uma daquelas fantasias de animatrônico que conhecia desde criança. Mas como isso podia ser possível se o assassino estava morto? Charlie presenciou quando isso aconteceu. Ela viu o momento em que a vida deixava o corpo do homem. Mas algo estava acontecendo novamente em Hurricane e ela não ia descansar enquanto não descobrisse exatamente o quê.

 Como no primeiro volume, a narrativa é repleta de detalhes e descrições dos acontecimentos. Esse recurso é utilizado de forma inteligente, uma vez que obriga o leitor a descobrir o que está acontecendo e formular inúmeras teorias durante o processo. Além disso, acompanhamos os personagens que já conhecemos durante o primeiro volume, e ainda que num contexto diferente, gera um sentimento de reconhecimento.

"Os braços do animatrônico se ergueram, e o peito se abriu como um portão de ferro. As peças de metal deslizaram, revelando um vão escuro, com aspectos afiados e travas de mola, mas tudo camuflado. Era uma armadilha apenas esperando pela sua vítima [...]"

 Apesar disso, a narrativa possui alguns pontos falhos. Charlie é a pior protagonista possível! Além de não ter carisma, a garota é extremamente perturbada por acontecimentos que ela não consegue nem diferenciar se foram verídicos ou não e chega a ser extremamente insensível em alguns momentos. De acordo com alguns spoilers, seu comportamento é devidamente explicado no terceiro e último livro, mas incomoda bastante durante a leitura.

 Nos momentos de êxtase, algumas cenas são extremamente confusas e o leitor não consegue diferenciar a verdade da imaginação. Apesar de não ser a narradora, temos acesso aos pensamentos de Charlie e tudo que ela diz/faz não é de extrema confiança (como citado anteriormente). O que gera uma leve desorientação mental.

"Um pensamento surgiu, uma pergunta que já lhe ocorrera muitas vezes: Porque ele levou Sammy? Charlie fizera aquela pergunta a si mesma, ao vento e aos seus sonhos interminavelmente. Porque ele levou Sammy? Mas o que sempre quisera saber, na verdade, era: Porque não eu? Porque fui eu que sobrevivi? [...]"

 

 Entretanto, as respostas que buscávamos em Olhos Prateados estão presentes nesse volume, e mais alguns ganchos são deixados para se resolverem no próximo e último da trilogia. O nível de terror está ainda mais forte e presente, e alguns eventos são de revirar o estômago.

 Concluindo, Os Distorcidos é um livro bem inferior ao seu antecessor em inúmeros aspectos. Mas em compensação, apresenta os acontecimentos necessários para a continuação da história, e termina de maneira abrupta o suficiente para que o leitor termine essa trilogia intrigante e inusitada.

"O Homem Mola levantou a mão retorcida. O tecido da roupa estava esfarrapado, as frestas revelando pele humana. Ela reconheceu os pontos em que pinos e hastes metálicas tinham se cravado ao lado de ossos e tendões, criando um esqueleto paralelo enferrujado. Com o dorso da mão, o homem tocou o rosto de Charlie e acariciou sua bochecha como se ela fosse uma filha querida. John deu um passo à frente."