Resenha: Revolução dos Bichos - George Orwell

Título do livro: A Revolução dos Bichos 

Autor(a): George Orwell

Número de páginas: 147

Editora: Companhia das Letras

Sinopse:  Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século 20, "A Revolução dos Bichos" é uma fábula sobre o poder. 

 Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos.

 Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista. De fato, são claras as referências: o despótico Napoleão seria Stálin, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, e os eventos políticos - expurgos, instituição de um estado policial, deturpação tendenciosa da História - mimetizam os que estavam em curso na União Soviética.

Resenha:  A Revolução dos Bichos é uma obra satírica e política escrita por George Orwell em 1945. A narrativa se passa na Inglaterra, mais especificamente numa granja chamada Granja do Solar. Jones e sua esposa são donos da enorme propriedade, que abriga inúmeros animais.

 Jones, entretanto, é extremamente agressivo e autoritário com os bichos, obrigando-os a fazerem trabalhos escravos e explorando-os o máximo que pode para obter lucro e conforto. Detentores de extrema inteligência e capacidade de pensamento, as atitudes do dono não passam despercebidas aos animais que estão cada vez mais irritados com sua situação. Um dia, Major, um importante porco da granja, reúne os animais em uma assembleia para incitá-los a começar uma revolução, que diz ser necessária.

"Que haja entre nós , animais, uma perfeita unidade, uma perfeita camaradagem na luta. Todos os homens são inimigos, todos os animais são camaradas."

 Escondidos de Jones, Major e os demais animais criam naquela noite o Animalismo com seus sete principais fundamentos, e entoam seu novo hino, uma canção chamada Bichos da Inglaterra. Major acaba morrendo dias depois devido à sua velhice, e tomados pelo espírito revolucionário e pelo anseio à liberdade, os animais põem em prática sua revolução expulsando Jones e os demais humanos da Granja, inaugurando assim a nova Granja dos Bichos.

 Por ter sido um porco a iniciar a revolução, três porcos logo tomam a frente para liderar a nova política. São eles: Napoleão, Bola-de-Neve e Garganta, esse terceiro sendo responsável por transmitir as informações para o grupo. Os primeiros meses após a revolução são maravilhosos. Pela primeira vez em muitos anos os animais se sentem importantes e com um propósito para viver.

"Em pouco tempo, os bichos destruíram tudo o que lhes recordava Jones. Napoleão conduziu-os de volta ao celeiro e serviu uma ração dupla de milho para todo mundo, dois biscoitos para cada cachorro. Cantaram, então "Bichos da Inglaterra" do começo ao fim sete vezes, depois deitaram-se e dormiram como nunca."

 Mas, as divergências políticas entre Napoleão e Bola-de-Neve vão se afunilando, até o momento em que Napoleão expulsa seu inimigo da granja e instaura um sistema ditador e tirano na propriedade. As decisões passam a ser tomadas única e exclusivamente por ele, os animais não podem mais expressar suas opiniões e o direito ao voto é cessado. 

 Apesar de tudo isso, Garganta vive dizendo aos animais o quanto são sortudos por terem um líder tão maravilhoso quanto Napoleão, que os alimenta e os mantêm longe da ameaça de Jones, e o tempo inteiro convence-os das mais absurdas afirmações. Porém, apesar de se convencerem fácil pelas palavras de Garganta, não passa despercebido aos animais que além de todas as medidas extremas tomadas por Napoleão, os princípios fundamentais do Animalismo estão aos poucos sendo modificados e que não era isso o que eles e que Major esperavam que fosse acontecer. 

"Foi mais ou menos por essa época que os porcos, de repente, se mudaram para a casa-grande, onde fixaram residência. Mais uma vez os bichos julgaram lembrar-se de que havia uma resolução contra isso, aprovada nos primeiros dias, e de novo Garganta conseguiu convencê-los do contrário."

 Qualquer leitor com um pouquinho de conhecimento em assuntos mundiais, vai perceber sem muito esforço as inúmeras referências históricas presentes na obra literária. Apesar de usar os animais e elementos de fazendas na narrativa, A Revolução dos Bichos é uma obra muito bem desenvolvida e complexa.

 A leitura foi uma grande surpresa, pois a narrativa prende o leitor e faz com que ele torça para que os demais animais da granja acordem a tempo, evitando que os porcos continuem com seu sistema ditatorial e autoritário, chegando a ser pior ou igual ao dos homens. Os capítulos são muito bem estruturados, fazendo com que a história tenha exatamente o número de páginas de que precisa: nem mais nem menos.

 George Orwell conclui a narrativa de uma forma brilhante, deixando o leitor de queixo caído e fazendo com que ele reflita por muito tempo sobre todos os acontecimentos narrados e principalmente, sobre a importância de se impôr de ir à luta por seus direitos. A Revolução dos Bichos é muito mais do que uma obra política. É uma leitura indispensável, atemporal e extraordinária!

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